Novas medidas de SST entram em vigor e objetivam mais proteção à saúde mental do colaborador

Com grande parte da população já vacinada com pelo menos a primeira dose, muitas empresas já retornaram ao modelo presencial ou híbrido de trabalho. Com o  mercado totalmente reformulado, as  pautas de saúde mental e ocupacional foram centralizadas e dificilmente sairão do centro das discussões. Diante deste cenário, a pergunta que fica é: Como as empresas vão gerenciar as questões psicossociais ? Pensando nisso, a nova ISO 45003, que já está em vigor, traz um novo padrão de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional. Ela é a primeira e única norma internacional de SSO que apresenta medidas de segurança e saúde com proteção ao colaborador no que tange aos riscos psicossociais.

A nova norma contém boas práticas e fornece orientações úteis e uma estrutura para reduzir riscos relacionados ao trabalho, que  protege a saúde e aumenta a segurança nas rotinas trabalhistas. De acordo com a psicóloga Ana Carolina Peuker, CEO  da Bee Touch, mental healthtech que mensura riscos relacionados à saúde mental e ocupacional, as empresas, tradicionalmente, consideram a saúde no local de trabalho apenas a partir de uma perspectiva de segurança. “Para se ter uma abordagem completa, as empresas devem também considerar os aspectos psicossociais previstos na nova ISO, que são fatores que geram vulnerabilidade ao adoecimento mental dos trabalhadores. As causas são ligadas à otimização do tempo, à estrutura organizacional e às tarefas. Por exemplo, pressão por prazos, falta de autonomia, abuso moral, papéis e atribuições mal definidas, ausência de uma transparência, conflitos internos, preconceitos, ambiente competitivo e pouco cooperativo e falta de plano de carreira”, relata ela.

Além disso, a falta de um diagnóstico adequado em relação aos riscos psicossociais podem ocasionar consequências importantes. Uma pesquisa realizada na Finlândia, com os dados de 62 mil trabalhadores que usaram o seguro social devido a licença saúde por transtorno mental, revela que as empresas que não ofereciam consultas com um psicólogo para os seus colaboradores perdia 20 dias, em média, com afastamentos. Em compensação, para as que investiam em estratégias preventivas, esse tempo diminuiu para 11 dias. A depressão, por exemplo, pode afastar um funcionário de 60 dias por até dois anos; e dados estimam que, no Brasil, 3,5% do PIB é perdido com custos relacionados a problemas psicossociais no trabalho, o que significa um sério impacto negativo na economia que poderia ser evitado.

“Um dos aspectos mais importantes do adequado rastreio dos riscos psicossociais  é a adoção de uma perspectiva preventiva e a proteção contra eventos traumáticos no trabalho. Um ambiente de trabalho mentalmente seguro contribui para a sustentabilidade dos negócios, uma vez que os resultados organizacionais dependem de pessoas saudáveis tanto física, quanto emocionalmente”, relata a especialista. Entre outras consequências dos riscos psicossociais para a organização estão: maiores taxas de absenteísmo, diminuição da produção, aumento da rotatividade (turnover), aposentadoria precoce e de acidentes de trabalho.

Traçar um bom plano de gestão de saúde e segurança ocupacional é fundamental. O dever mais que imediato de que as empresas se adequem a nova ISO45003 é um alerta acentuado pela pandemia, mostrando que as relações de trabalho devem ser transformadas. Esse é o futuro do trabalho: mais saúde mental e segurança psicológica para os trabalhadores e custo-efetividade para as empresas.

Revista Proteção

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