Uma das principais vantagens competitivas de uma empresa está nas pessoas

O desemprego no Brasil está nas alturas. Apesar disso, muita gente empregada quer trocar de emprego. Segundo a Work Trend Index, uma pesquisa feita pela Microsoft com 30 mil pessoas, em 31 países (incluindo o Brasil), 40% dos profissionais desejam mudar de trabalho depois da pandemia. E salário não é o principal motivo. O levantamento da startup de recrutamento Intera mostrou que a falta de perspectiva de crescimento e a vontade de viver um desafio diferente aparecem antes do desejo de uma remuneração melhor.

Mesmo nesse ambiente incerto, várias pessoas estão dispostas a abandonar o que fazem para buscar novas oportunidades capazes de reconectar suas carreiras aos seus objetivos. E como as expectativas profissionais evoluíram, as organizações também precisam evoluir a forma de gerir seus talentos para continuarem sendo “desejadas” pelos trabalhadores.

Nesse contexto, algo essencial reaparece. Um dos princípios do Manifesto Ágil, que apresenta as bases das metodologias ágeis que revolucionaram a gestão de projetos nos últimos anos, é colocar as pessoas antes dos processos. Ou seja, é compreender que todas as entregas de uma companhia dependem de atividades humanas, realizadas por seres de carne e osso. Até o serviço mais high-tech necessita de um indivíduo.

As transformações em curso são sem precedentes, mas as “pessoas” são tudo. Afinal de contas, você não constrói uma empresa. Você constrói um time, e o time constrói a empresa. Cada vez mais o RH precisa se preocupar não apenas com a experiência do funcionário, mas com a experiência de vida do mesmo. Afinal, somos seres indivisíveis que vivemos 24 horas por dia. Tudo o que acontece impacta a nossa performance.

Morando no Vale do Silício, já recebi milhares de pessoas nos cursos da StartSe University. Quando as atividades começam, converso com as turmas para entender as suas expectativas. Obviamente, elas esperam ver carros sem motoristas, robôs e coisas do tipo. De fato, tudo isso existe por lá. Mas, no fim da programação, pergunto qual foi o principal aprendizado da semana. Aí vem a surpresa, pois a maioria responde: “Maurício, não é a tecnologia que faz o Vale. O que torna esse lugar um motor único de inovação são as pessoas. Elas é que fazem essa região ser assim.”

Por isso, não se copia Vales do Silício ou soluções incríveis por aí. Dar “Ctrl+C /Ctrl+V” na tecnologia é simples. Você assina um cheque e transfere as novidades de um lugar para outro. Mas ninguém “copia e cola” pessoas. Embora haja cada vez mais poder computacional disponível no mundo, a principal vantagem competitiva reside na capacidade do ser humano.

O Estado de SP, por Maurício Benvenutti, sócio da plataforma Startse

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